quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Rosas e Viola, um vídeo

Meu amigo Vini Gorgulho, reencontrado depois de tanto tempo, filmou a meu pedido, improvisadamente, o show "Rosas e Viola", que eu e o João Paulo fizemos em Mogi, em julho. Fica aqui, publicamente, meu muito obrigada a ele!
A câmera era emprestada, deu problema, e o filme ficou com a resolução ruim... uma pena.
Mas editei mesmo assim, que foi lindo demais, e acho que dá pra sentir um pouquinho do que vivemos.
Que dessa rosa vai brotar um novo açoite.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

sábado, 21 de setembro de 2013

Roteiro Prelúdio da Solidão

1. Olha quantos - Lincoln Antonio sobre Stela do Patrocínio
2. Prelúdio #3 (Prelúdio da Solidão) - Heitor Villa Lobos, Hermínio Bello de Carvalho
3. Viola quebrada - Mario de Andrade
4. Rancho vazio - Anacleto Rosas Jr., Arlindo Pinto
5. Só solidão - Tom Zé
6. Poema: O Solitário - Friederich Nietzsche (in AGaia Ciência)
7. Peter Gast - Caetano Veloso
8. Bala Perdida - Douglas Germano, Marcia Fernandes
9. trecho de "Canção de Homens e Mulheres Lamentáveis" - Antonio Maria
"Não estou escrevendo para ninguém gostar ou, ao menos, entender. Estou escrevendo, simplesmente, e isto me supre: contrabalança, quando nada. Esta noite, esta chuva — e poderia escrever as coisas mais alegres, esta noite. Neruda, coitado, as mais tristes.
Só há uma vantagem na solidão: poder ir ao banheiro com a porta aberta. Mas isto é muito pouco, para quem não tem sequer a coragem de abrir a camisa e mostrar a ferida.
"
10. Por um amor no Recife - Paulinho da Viola
11. Saudade dos aviões da Panair - Milton Nascimento, Fernando Brant
12. trecho de "Retrospectiva" - Carl Jung (in Memórias, sonhos, reflexões)
"A solidão não significa a ausência de pessoas à nossa volta, mas sim o fato de não podermos comunicar-lhes as coisas que julgamos importantes, ou mostrar-lhes o valor de pensamentos que lhes parecem improváveis. Minha solidão começa com a experiência vivida em sonhos precoces e atinge seu ápice na época em que me confrontei com o inconsciente. Quando alguérim sabe mais do que os outros, torna-se solitário. Mas a solidão não significa, necessariamente, oposição à
comunidade; ninguém sente mais profundamente a comunidade do que o solitário, e esta só floresce quando cada um se lembra de sua própria natureza, sem identificar-se com os outros.
"
13. Ferida do Tempo - Francis Hime, Gianfrancesco Guarnieri, Heron Coelho
14. A Lua Girou - Domínio Público
15. trecho de "A terceira margem do rio" - João Guimarães Rosa (in Primeiras Histórias)
"Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa."
16. A terceira margem do rio - Milton Nascimento, Caetano Veloso
17. Poema Tecendo a manhã - João Cabral de Melo Neto
18. Primavera - Zé Miguel Wisnik
BIS
Luz Negra - Nelson Cavaquinho, Amâncio Cardoso

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Prelúdio da Solidão

Um novo espetáculo: outras canções colecionadas, bordadas com esmero no tecido fino do tempo.
Um amigo: Gustavo Sarzi, e suas mãos pequenas, limpas, repletas.
Um motivo: a solidão, incrustada nas paredes e árvores, no sol que banha a casa da mulher triste e sozinha.
Uma sorte: justo no início da estação, um começo alvissareiro.
Na procura do silêncio, ao encontro (sempre) do mínimo.
Venha abrir conosco a primavera.



Prelúdio da Solidão
Juliana Amaral e Gustavo Sarzi
21 de setembro de 2013, 17h.
Casa de Dona Yayá - Rua Major Diogo 353, Bela Vista, São Paulo
Mais informações: usp.br/cpc


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Um presente

A Betty Salum foi minha aluna, e virou minha amiga, porque eu tinha muito mais a aprender com ela do que ela comigo. Sobre tudo – e sobretudo, sobre as palavras. Porque ela, Betty, sabe de todas as palavras o cerne. E ela me escreveu estas, que eu li chorando na segunda-feira depois dos espetáculos do Sesc Anchieta: 

Depois do seu show e de quase um ano sem ouvir música cantada (coisa que só tenho revelado a alguns velhos amigos e parentes que, como eu, só vêm ouvindo música instrumental), peguei a caixa de cds da Elis e tou ouvindo os da década de 1970.

Isso porque ontem você me fez lembrar dela no palco.

Certamente, não era a Elis na coreografia. Em "Falso Brilhante", no teatro Paramount, em 1975, ela não teria feito rodar a barra do vestido: ela se teria feito rodar junto com o vestido ao gemido do tango. No recital no Tuca, em 1974, ela teria cantado "São Mateus" sentada no banquinho, curvada sobre si mesma.

Efetivamente não era a Elis na leitura dos poemas. Isso sempre foi prerrogativa da Bethânia. Que, aliás, não lia Brecht, mas Fernando Pessoa.

Era uma pré-elis no corte de cabelo. Curtinho (mas ainda não curtíssimo), que a Twiggy, nos anos 1960, fez que a gente, sem pinta de Brigitte Bardot, adotasse. Sem falar nos cílios postiços (e os pintados na pálpebra inferior com rímel).

Era uma pós-elis na técnica vocal. Vez ou outra, por causa da emoção, faltou afinação e fôlego perfeitos, mas você continuou sorrindo. Diferentemente do que vi a Elis fazer mais de uma vez no "Fino da Bossa", quando chorava, afetando emoção, quando perdia a voz. Depois que se começou a falar em técnica vocal, tornou-se divina e, em 1982, morreu sem dar a chance de a gente reumanizá-la.

Obrigada pelo convite que você deixou pra Ruth, amiga desde o final dos anos 1970, quando fizemos graduação no curso de Francês da FFLCH. Ela, você sabe, não rejeita um convite pra show seu por causa da música que você e os músicos que te acompanham fazem.

Obrigada pelo convite que você deixou pro Sérsi, amigo do final dos anos 1980, quando trabalhamos no Senac, ali em frente ao Anchieta. Ele adorou tudo, menos a música da Brigitte Bardot porque "quem disse que ela tá ficando triste e sozinha?".

Obrigada pelo convite que você deixou pro Silas, amigo do começo dos anos 2010, que trabalhou comigo no Centro de Línguas. Ele "curtiu muito seu show" nos momentos em que não tava angustiado com as aulas que tinha de preparar pros alunos dele de espanhol.

Obrigada pelo convite que você deixou pra mim, amiga da segunda metade dos anos 1990, que obedeceu à professora e cantou uma música em inglês (escolhi "Sophisticated Lady" e adorei, lembra?). Eu achei tudo bonito. Especialmente o "São Mateus". Porque tiraram a vida do Miro. Porque o Gil tá pra rodar. Porque essa prosa não para aqui.

Emoção semelhante à que sinto quando ouço a Elis cantar. Talvez porque a bela música que se produziu nos anos 1970 nem sempre deixava a gente perceber que tavam tirando a vida de outros miros e que outros gis tavam pra rodar. E que aquela prosa não pararia ali.

Beijo, Betty

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Encontro e Bala perdida

E além de escrever uma resenha linda (veja aqui), o Alexandre Eça, do Blog Música Estática, filmou duas canções do nosso SM, XLS - Encontro (Kiko Dinucci) e Bala perdida (Douglas Germando e Marcia Fernandes).
Espia só:

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O luxo e o mínimo

Meu coração está repleto.
Escrevo em agradecimento profundo e verdadeiro ao Gian, Samba, Ale Ribeiro, João Paulo, Gustavo, André, Cabral, Humberto, Guto, Ale Oliveira, Liu, Luiz Leme, Virgílio e Luisinho, pelos shows que fizemos no Teatro Anchieta do Sesc Consolação neste final de semana.
Pela generosidade e carinho com que compartilham comigo o talento de suas mãos, de seus ouvidos e de seus olhos.
Pela dedicação do antes, do durante e do depois.
É um luxo imensurável ter estas pessoas ao meu lado.
É extraordinário o tanto que conseguimos dizer na leveza das palavras limpas.
É precioso que possamos conversar tão perto do silêncio, pois minha busca pelo mínimo é, no fundo, a vontade de reencontrar a delicadeza, em tempos de tanto barulho, e vamos construindo isso juntos.
Eu sou uma pessoa de sorte porque encontrei estas pessoas em meu caminho.
E sou inteira gratidão.

(a foto é do Virgílio Duin, feita durante o show de sábado)


SM, XLS por Alexandre Eça do Blog Música Estática

Resenha do jornalista Alexandre Eça em seu excelente Blog Música Estática.
Que dá um alento saber que ainda existem jornalistas com olhos de ver e ouvidos de ouvir, com atenção, o que a gente faz com tanto rigor e dedicação.
Obrigada, Alexandre.

SHOW: JULIANA AMARAL EM “SM, XLS” NO TEATRO ANCHIETA

Juliana Amaral – SM, XLS / Quando: 18.8.2013 / Onde:  Sesc Consolação / Review: * * * *
Ao unir conceitualmente diversas gerações do samba brasileiro, Juliana Amaral apresenta extratos de sensibilidade em roteiro irretocável
Juliana Amaral no palco do Teatro Anchieta. 18.8.2013
Juliana Amaral no palco do Teatro Anchieta. 18.8.2013
A cantora Juliana Amaral partiu de uma pesquisa detalhada das diversas vertentes do samba brasileiro para desenhar o espetáculo Samba Mínimo, apresentado  durante quase quatro anos e que depois deu origem ao cd “SM, XLS” (Selo Sesc, 2012). Levado aos palcos, “SM, XLS”, desfia com rigor conceitual a mesma atmosfera do álbum que une compositores de gerações distintas em ambientações que alinhavam a voz especial da cantora a músicos virtuosos.
No teatral roteiro da noite dividido em dois atos,  Wilson Batista, Noca da Portela e Ataufo Alves, devido a notoriedade no mundo samba, poderiam engolir facilmente autores contemporâneos, seus companheiros na tocada do show. Não é o que acontece. Ao contrário, são nomes como os de Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Mauricio Pereira os grandes destaques de “SM, XLS” (Samba Mínimo, Extra Luxo Super). Juliana se vale de acertada atuação expressionista, principalmente no segundo ato do espetáculo, para dar voz a temas urbanos e moldar com propriedade um cenário de surpreendente modernidade musical.
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No primeiro ato, mais leve, acompanhada pelo violão de sete cordas de Gian Correia e as percussões de Samba Sam, a cantora dá voz a temas de contornos clássicos como “Canta” (Wilson Batista) e “Ilumina” (Noca da Portela / Tranka / Toninho Nascimento) entremeados por textos ditos com sobriedade pela artista que é também atriz. A boa leitura de“Leonor”, sambinha simpático de Itamar Assumpção resgatado recentemente por Zélia Duncan no show em homenagem ao compositor e a delicada versão de “Acabou Chorare”, clássico dos novos baianos, são boas surpresas.
Mas é no segundo ato, quando o título Samba Mínimo se justifica, que Juliana mostra que é intérprete de inteligência criativa distinta da média.  Acompanhada na maioria dos números por apenas um instrumentista, e ao costurar em blocos temáticos os ambientes urbanos de Kiko Dinucci e Rodrigo Campos, companheiros no Passo Torto, “SM, XLS” cresce em refinamento musical. Na tocada do contrabaixo de Marcelo Cabral, o outro Passo Torto, a sequência com“Salve Fabrício” (Rodrigo Campos), “Encontro (Kiko Dinucci) e “Bala Perdida” (Douglas Germano / Márcia Fernandes) vem carregada de tensão num dos melhores momentos do show. A quase vinheta “Tarde Demais” (Kiko Dinucci) e“Um Salto” (Rubens Nogueira / Jorge Rosas) dialogam bem e se completam por similares no conteúdo das letras.
No bis do show, trazendo à tona um tema de 1966 de Ataufo Alves, “Vassalo do Samba” combinado com “Quero Sambar Meu Bem”, música do primeiro disco de Tom Zé, “Grande Liquidação”, as intenções de Juliana soam cristalinas emprestando uma combinação de talentos ao resgate do samba brasileiro. Também ajudam a fazer de “SM, XLS” um show luminoso e expressão bem acabada de sofisticação musical popular.
O setlist da segunda noite do espetáculo Samba Mínimo, Extra Luxo Super apresentado no Teatro Anchieta.
1º Ato
1. Texto - Bertold Brecht
2. Canta (Wilson Batista)
3. Acabou Chorare (Moraes Moreira, Galvão)
4. Texto - Sossegue Coração (Paulo Leminski)
5. Leonor (Itamar Assumpção)
6. Brigitte Bardot (Tom Zé)
7. Texto – Cartilha da Cura (Ana Cristina Cesar)
8. São Mateus (Marcos Paiva / Rodrigo Campos)
9. O Mistério do Samba (Fred Zero Quatro / Marcelo Pianinho)
10. Ilumina (Noca da Portela / Tranka / Toninho Nascimento)
11. Coração do Brasil (Jards Macalé) – interlúdio
2º Ato
12. Mínima (Humberto Pio / Juliana Amaral)
13. Olhos da Cara (Kiko Dinucci / Sinhá)
14. Samba Erudito (Paulo Vanzolini)
15. Mistura (Mariana Zanetti)
16. Não Adianta Tentar Segurar o Choro (Lincoln Antonio / Mauricio Pereira)
17. Tarde Demais (Kiko Dinucci)
18. Um Salto (Rubens Nogueira / Jorge Rosas)
19. Salve Fabrício (Rodrigo Campos)
20. Encontro (Kiko Dinucci)
21. Bala Perdida (Douglas Germano / Marcia Fernandes)
22. Ferida do Tempo (Francis Hime / Heron Coelho / Gianfrencesco Guarnieri)
Bis
23. Vassalo do Samba (Ataufo Alves)
24. Quero Sambar Meu Bem (Tom Zé)
Juliana Amaral – SM, XLS
Quando: 18.8.2013
Onde: Teatro Anchieta – Sesc Consolação
Review: * * * *

Teatro Anchieta

Eu ainda não consigo escrever ou descrever o que sentimos.
Enquanto o coração e as palavras assentam, seguem as fotos do querido Daniel Kersis, infalível e sempre presente.
Mais fotos, aqui.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Aniversário

E nosso SM, XLS faz um ano.
Desde agosto do ano passado foram 14 shows, 7 cidades, 17 companheiros de palco, entre músicos, técnicos e produtores, um público sempre amoroso, e um espetáculo dedicado que foi ganhando corpo, afeto, leveza e precisão.
E agora voltamos pra São Paulo no incrível Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, no próximo final de semana. Meu coração está repleto de uma alegria que arde o meio do peito.
Meus grandes amigos estarão ao meu lado: Gian, Samba, Ale Ribeiro, João Paulo, Gustavo, André Juarez, Cabral, Liu, Luiz, Ale Oliveira, Guto e Humberto. Outros tantos amigos queridos na plateia.
Tenho certeza de que serão dois dias pra não esquecer.
Espero você por lá. Informações e ingressos aqui.